Espetacular Homem-Aranha (2025) Vol.01

Às vezes, acontece de uma obra ter personalidade; em outras, temos a impressão de um vazio existencial. E há o terceiro tipo: a obra que sofreu influência de algo externo — e, neste caso, podemos até dar nome ao boi: Robert Downey Jr.

Não me entenda mal, eu gosto do Downey, gosto do Homem de Ferro graças a ele, mas sempre que um personagem ganha mais tempo de "quadro" do que deveria, só porque precisa "vender boneco" ou ingressos, nesse caso, a coisa perde a alma e não tem volta. O mesmo aconteceu com a Mística nos filmes dos X-Men: ela apareceu muito mais do que precisava, pois obviamente era necessário justificar os muitos dígitos de seu salário. A Marvel tem feito o mesmo com o Destino, colocando-o na capa de tudo que pode, inclusive dando uma capa para ele — a do Dr. Estranho —, fazendo do Destino o novo Mago Supremo e tudo mais. Essa busca por conquistar o público na insistência só me desanima de tudo que aquele personagem tem a oferecer, e não é diferente com esta edição.

Ao contrário das demais revistas, aqui não temos um reboot do número um; o reboot já havia acontecido há pouco (lá em 2022, e não li nada, então não sou capaz de opinar) e provavelmente ficaram com vergonha de ficar dando hard reset no Miranha.

Aqui temos as edições 61 e 62 de Amazing Spider-Man (2022), em 56 páginas, com roteiros de Joe Kelly e arte de Ed McGuinness, custando o preço promocional de estreia de R$ 14,90.

Apesar de já poder me considerar um leitor assíduo da Marvel, visto que meu foco tem sido a Casa das Ideias, não tenho muito contato com revistas que carregam o nome do Cabeça de Teia. Não acredito que isso influencie minha opinião, mas posso estar errado, então comente lá no final do post o que acha sobre isso. A lore do Homem-Aranha é de conhecimento geral e pode ser resumida em: perdeu o tio, virou herói, é engraçado e tem uma vida ferrada. Qualquer coisa que fuja disso é invencionismo para o personagem, e temos que concordar que é importante ter esse tempero a mais. Nas primeiras páginas, somos levados a ver muito desse padrão, com tiradas e referências, mas parece que, aos poucos, a coisa vai se afastando da base ao ponto de soar boba — já volto aqui.

A trama gira em torno de oito chances que Peter terá para enfrentar entidades diabólicas que querem conquistar a Terra. Esses embates são culpa do Dr. Estranho, que anteriormente havia fechado um acordo de representar a Terra em combates contra os filhos de Cyttorak, em troca de mais poder e coisas assim. Acontece que o acordo se prolonga aos Magos Supremos e cai no colo do Dr. Destino, que, no auge de seu poder magnânimo, simplesmente determina que o Homem-Aranha será seu campeão, equipando-o com magia de ponta. Aí está a parte boba: se Destino é tão poderoso e sabe disso, por que não provar através desses combates ou mesmo desafiar o próprio Cyttorak? Para mim, não faz sentido algum, mas ele diz estar sem tempo.

Com uma trama equivocada e uma espécie de jornada do herói, com direito ao Peter treinando magia, vemos um "drama" que em nada se leva a sério e que eu poderia dizer que serviria muito melhor se a revista levasse o nome do Deadpool — ao menos ela estaria sendo sincera com o leitor. Vou seguir lendo, mas ainda não posso recomendá-la para ninguém. Tá, mas nem tudo é ruim, preciso sempre tentar olhar o lado bom das coisas e neste caso, são as artes, tudo é lindo e com cores vibrantes. Também devo destacar o acerto da Panini em dividir o "Aranhaverso" em três revistas distintas, ao invés de criar mais um mix desnecessário.

Lá fora, a revista foi até o volume 70, com alguns volumes paralelos no caminho. A partir daí, a Marvel não deve ter visto outra alternativa senão recorrer ao Reboot, coisa que deve ocorrer lá pro volume 7 dessa coleção. Com a nova númeração, o Aranha está atualmente no volume 16. Vamos torcer que valha a pena.

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