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Foto do escritorFelipe Lopes

Improviso

É muito comum encontrarmos notícias sobre atores que improvisaram em determinadas cenas, sempre com sacadas únicas e que sem dúvidas não seriam possíveis sem o improviso. Então hoje quero propor mais um debate, será que é possível fazer com que personagens fictícios improvisem?

Coringa de Heath Ledger em um dos improvisos mais memoráveis do cinema.

É estranho pensar sobre isso, afinal de contas, esses personagens não possuem uma inteligência artificial, então seria impossível imaginar que eles possuem a capacidade de improviso, mas a coisa não precisa ser necessariamente assim, personagens podem improvisar e digo mais, se sua base for bem criada, é bem provável que a improvisação se torno o cerne de seus atos, e em partes acabe deixando de ser improvisação e passando a ser simplesmente a forma de agir daqueles personagens, complexo?


Precisamos entender que improviso parte do pressuposto que o personagem está atuando ou recebendo uma missão surpresa, o improviso geralmente leva em consideração que o personagem/pessoa, não possui um guia ou qualquer conhecimento prévio daquilo que está fazendo, é como se o Joãozinho que viveu longe do mar a vida toda, fosse obrigado a pescar para sobreviver, ele não possui nenhum guia, vai depender do improviso. Mas a coisa vai um pouco além, todos nós possuímos uma grande bagagem de conhecimento, por mais que menosprezemos isso, esse conhecimento é vasto e variado, podendo ser utilizado para o improviso. Partindo deste princípio, entendemos que certas habilidades e conhecimento, servem como atalho para o improviso e capacitação em novas áreas.


Agora voltando aos personagens, personagens fictícios são criações humanas e sua complexidade varia de acordo com a necessidade da obra em que estão associadas. Quanto mais complexo é um personagem, mais a fundo iremos entender seus anseios, dúvidas e objetivos, com isso iremos instintivamente saber quais ações aquele personagem irá executar em resposta aos desafios a ele impostos. Parece simples, entendendo que o personagem precisa ser complexo, poderíamos deduzir que tudo que precisamos é escrever dezenas de páginas sobre ele, mas a coisa não é tão simples. Mesmo para criar o personagem, existe a necessidade de conhecer em partes, algo que ainda não foi concebido, mas como? Conhecer o desconhecido é uma batalha complexa que a humanidade há muito enfrenta, não existem regras para entender algo que não entendemos, então voltamos ao improviso, não é?


Então neste ciclo de criação, também podemos voltar em algo há pouco falado neste mesmo texto, o improviso possui como auxiliar, o conhecimento prévio e onde iremos encontrar esse conhecimento? Nas pessoas, inclusive já escrevi um texto sobre isso e deixarei o link no final do desta matéria. A partir do momento que nossos personagens possuem características únicas e entendemos como eles funcionam, a coisa fica mais simples, já não precisamos criar tudo do zero, afinal de contas, basta entregar uma situação ao Joãozinho e saberemos minimamente como ele vai lidar com ela, conhecemos o Joãozinho. Jamais iremos conhecer os personagens tão a fundo, a ponto de prever todas as suas ações, assim como acontece com as pessoas, as vezes personagens são imprevisíveis, incluir os anseios e dúvidas, sempre ajuda a traçar linhas entre ação e reação dos personagens e assim como acontece com as pessoas, quanto mais sabemos sobre seus medos e sobre aquilo que está dentro de suas mentes, mais podemos entender os porquês de suas atitudes. É comum encontrarmos pessoas justificando atos de terceiros “fulano fez isso pois estava com medo”, “ciclano fez isso pois perdeu um familiar há pouco”, “beltrano é assim por que sofreu tal coisa”, as justificativas estão ai e constroem parte do que cada ser humano é, o mesmo se aplica a personagens.


Imagine a maravilha que é, quando você percebe que não sabe o desfecho de seu enredo, não em seus mínimos detalhes, pelo simples fato que seu protagonista pode renunciar a tudo que conquistou, apenas para salvar algumas pessoas que ele mal conhece? Isso é parte da magia que a criatividade pode criar em nossas mentes, então seja criativo.


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