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Midnight Mass: opinião e quase spoilers



Uma série indicada pelo Bardo. Iniciei com expectativa que foi derrubada pela lenta apresentação dos 3 primeiros episódios, quando parei de assistir. Retornei semanas depois para dar continuidade (IMPORTANTE: voltei porque vi spoilers, portanto spoilers também salvam, não os injusticem) e fui tomado por uma maratona de poesia sobre sangue, vampirismo, fé e morte que somente Anne Rice me ofereceu. Talvez se tivesse mais episódios (o que não sei se cabe mesmo), poderia ser um incrível universo a ser explorado. Dessa vez, não irei inserir o desenvolvimento de jogos, mas apenas comentar uma perspectiva de quem acabou de maratonar o restante dos episódios e tem algo a dizer sobre dois dos temas mais fascinantes de toda arte na história da humanidade: vida e morte.


SINOPSE


De modo bem direto, o enredo trata de como a chegada de um novo padre a uma pequena ilha de comunidade pesqueira muda a rotina de todos quando milagres começam a acontecer e um suposto "anjo" é anunciado.


De modo mais profundo, é um incrível mosaico de recortes filosóficos e religiosos, construído sob uma cuidada semiótica, que justifica a existência de criaturas sedentas por sangue, frágeis à luz do sol.


Os diálogos ficam cada vez mais densos na medida em que a morte toma a figura de um imponente ser alado que usa a comunidade como seu ninho de contágio.


É notável que o conceito de morte abordado no enredo tem como base o Hermetismo, já citado em outro texto aqui, quando a personagem considera que morrer é se tornar outros: estrelas, sonhos e seres. Tudo é um, a morte é um retorno para casa e não deve ser temida. Cada "milagre" que ocorre na comunidade é uma alusão a isso, ao renascimento que é a transição que é a morte, da visão reconstituída, do fim da paraplegia, da perda do bebê, do rejuvenescimento até a ressurreição vampírica.


Estrelas também são uma imagem recorrente, tanto na forma como os renascidos enxergam, quanto na ideia de uma personagem ateia de que seu corpo, após a morte, viraria poeira estelar. Curiosamente, uma de suas referências posteriores é a passagem bíblica que fala sobre ser pó e a ele retornar (a metáfora das estrelas como fogueiras dos deuses é simplesmente linda).


Falando em passagens bíblicas, a eucaristia é metáfora para o vampirismo. Nada de novo sob o sol já que o universo de Lestat traz essa referência (na obra O Vampiro Vittorio e nas sequências sobre o Teatro dos Vampiros sob a regência de Armand em especial, todavia não exclusivamente), o mesmo ocorre com o livro O Sangue do Cordeiro. Contudo, a grande cereja aqui são cinco palavras que para mim são a frase da metafísica, cristandade e fé mais poderosa e resumitiva e tudo: Eu Sou o que Sou (sei que é uma expressão de Cristo, mas não deixo de enxergar Saint Germain nela).


POR QUE VOCÊ DEVERIA VER?

  1. Se você curte o tema vampirismo, ela é obrigatória.

  2. Se você gosta de uma releitura tenebrosa das Escrituras, ela é uma boa pedida.

  3. Se você gosta de poesia escondida nos detalhes de cena, é muito boa.


POR QUE VOCÊ DEVERIA IGNORAR?

  1. O enredo por começar lento e te fazer desistir, especialmente se houver outras ofertas de maior agilidade.

  2. Muitas lacunas, pois o foco é apenas sobre a comunidade e como é muita informação, muita coisa fica para a imaginação.

  3. Ocorre uma ciranda na importância das personagens que não me desceu muito bem, mas funcionou. Enfim... estou em crise por conta da assistente do padre...


UM CONSELHO


Vejam a série. Se forem como eu, lutem para passar do terceiro episódio, porque o final dele é tudo de que precisam para querer devorar o restante. E me falem o que acharam da sequência final sob o som de Nearer my God to thee (#titanicfeeligns).





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