Em 2019 fomos presenteados com a série The Witcher, não posso dizer que era tudo que ela podia ser, mas sem dúvida ficou acima da média de boa parte das adaptações que mesmo em partes, já foram adaptadas em obras de outras mídias.
Logo no primeiro episódio, temos o termo “mal maior” sendo utilizado com certa frequência, no que diz respeito a um ditado que me soa muito familiar, “dos males, o menor”. Até aí, a citação é bem simples, porém é na resposta de Geralt que algo me chamou atenção, resumindo, ele fala que não existe mal maior ou menor, apenas o mal, dando brecha a uma vasta gama de possíveis interpretações. Onde eu quero chegar com isso? Na ideia de que sim, quando criamos enredos em geral, precisamos de um mal maior. Apesar da opinião de nosso bruxão, o próprio desenrolar da trama de The Witcher, mostra que existe um mal maior, apesar de ainda não ter sido mostrado com clareza na série.
Uma técnica já muito utilizada em narrativas, é mostrar o quão terrível um vilão pode acentuar sua sanidade ao ponto do público sentir certa aversão e as vezes medo. Não é nada incomum que o vilão seja responsável pela cena de abertura de uma obra, mostrando a que veio, mesmo antes que o mocinho dê as caras, isso é feito justamente para mostrar ao público, que um mocinho se faz necessário e que o vilão já está fora de controle. É interessante analisar também, que esses “truques” narrativos ajudam a separar o bem e o mal, vamos a alguns exemplos?
Em Power Rangers o vilão, apesar de geralmente infantil, costuma mostrar que planeja destruir o mundo ou algo parecido, acaba entrando em conflito com os nossos rangers, resultando em um combate de criaturas gigantes. O Megazord e o monstro, quase que de rotina, destroem tudo em seu caminho, incluindo cidades inteiras (que não haveria tempo hábil para evacuação), ou seja, em partes os rangers são culpados de alguns desastres, visto que são raros os casos em que eles se preocupam se irão ferir alguém com suas monstruosidades de aço (Megazords são feitos de aço?). Mas tudo isso passa desapercebido, afinal, os rangers salvam o dia derrotando a criatura. Coisas semelhantes acontecem em diversas obras Super Sentai e mesmo em algumas obras de HQ e Mangá.
Um outro exemplo, que está muito em alta, é o Goku. Ele ama lutar e nunca escondeu isso, acontece que com o passar dos anos e por influência das esferas do dragão (que permitem ressuscitar qualquer individuo que venha a falecer devido a um novo vilão cósmico), Goku simplesmente deixou de se importar com as vidas humanas, ele até torce e comemora a aparição de uma nova ameaça, deixando de lado o simples fato que isso colocará em risco a vida de todo o universo. Esses feitos acabam sendo esquecidos, afinal de contas, mesmo que Goku siga essa linha de pensamento, ele acaba salvando o dia que ele mesmo costuma colocar em perigo.
Analisando o que foi dito acima, podemos ver que mesmo que nosso protagonista seja um vilão, ainda é possível separar o bem e o mal, apenas mostrando ao público, um mal maior. Exemplos disso não faltam nas diversas mídias de entretenimento. Muitas vezes, o vilão nem precisa ser tão malvado assim (em Pica-pau temos um vilão que espalha lixo), ele só precisa ter uma dose de maldade acima do que vemos no mocinho da trama.
Um vilão geralmente serve como balança e muitas das vezes, seu papel é acentuar a glória do protagonista, vilões são tão importantes quando mocinhos e muitas vezes podem até ser mais importantes. Estudar o que fez cada vilão ser tão bem visto, faz com que tenhamos mais combustível para gastar em nossos próprios vilões, então quero encerrar esse pequeno texto deixando uma pergunta que pode ajudar no estudo de vilões famosos.
Diz ai, o que fez esses vilões serem tão amados:
A) Freeza
B) Coringa
C) Darth Vader
Prometo que ainda vamos falar bastante sobre vilões, seja criativo.
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