Assisti a nova animação da Netflix, Pacific Rim: The Black e percebi alguns detalhes importantes que quero compartilhar com vocês. Como base para entendimento do texto, é interessante que ao menos conheçam algum dos filmes da série Pacific Rim ou Círculo de fogo na tradução, apenas para entender onde quero chegar.
Alerta: o texto abaixo contém spoiler de Pacific Rim: The Black
Lutas de monstros gigantes, cidades destruídas, muitas vidas perdidas e claro, robôs gigantes, está é direta e indiretamente a fórmula para o que chamamos de filmes de robôs gigantes, o cinema e a televisão possuem tantos destes que seria impossível contabilizar. Crescemos assistindo aos Power Rangers, conhecemos o Godzila há tanto tempo que nem sabemos quando aconteceu. Círculo de Fogo não é nada diferente, a trama se passa em um mundo onde os Kaijus (monstro) apareceram de fendas abertas no fundo dos oceanos. A humanidade sofreu muito até que finalmente conseguiram criar os Jaegers, robôs gigantescos controlados por no mínimo 2 pilotes, que através de uma conexão neural, combatem os Kaijus. A ideia é relativamente simples e quando pensamos no assunto, sempre vem a cabeça que o filme vai mostrar alguns monstros, algumas lutas de monstros, depois um monstro mais forte e por fim os mocinhos vencem. A fórmula do herói se aplica claramente em ambos os filmes. Ao me deparar com a indicação do Netflix, para assistir a série animada, pouco me animei em assistir, mas dei uma chance e não me arrependo.
Primeiro quero falar sobre o porquê de a serie não me chamar atenção de cara. Quando algo ganha visibilidade, como é o caso do Godzila, que popularizou o gênero, uma tendencia é estabelecida e todos os predecessores do gênero, acabam por “beber da mesma fonte”, o que no começo é bom, pois quando gostamos de algo, esperamos mais do mesmo, porém com o tempo, aquilo fica saturado. Eu estava saturado de obras em que robôs gigantes destruíam a cidade e as vezes, um monstro, há pouco assisti Evangelion e em base ele funciona de forma parecida. Confesso que a fórmula Godzila já não me agradava, mas todos gostam de robôs gigantes. Perceber a fórmula que estamos seguindo, é um passo importante para não somente criar um bom conteúdo que se encaixe com o gosto do público, mas também para moldar a fórmula de modo a atrair mais pessoas para o seleto grupo que almejamos alcançar com a obra. Em resumo, é mais fácil fazer bolo de morango se você já sabe fazer bolo de chocolate. Então por isso é tão importante alimentarmos nossa criatividade, quer escrever um livro, leia muitos livros, tudo o que já foi criado em toda a história da humanidade, nada mais é do que a junção do que pessoas criaram antes, criar é unir coisas.
Em Pacific Rim: The black, todas as minhas expectativas foram quebradas, a série entendeu muito bem o que o público esperava e usando disso, moldou totalmente o que foi entregue, ao invés de focar na batalha de gigantes, a série foi um pouco além e definiu um fim para a humanidade, permitiu que os vilões vencessem e com isso abriu muitas portas, um apocalipse pós robôs gigantes, um mundo novo, mesmo baseado naquilo que já estava saturado. Tomando emprestado a ideia de que o maior perigo de um fim do mundo, não é o fim do mundo e sim as pessoas que estão lá, a série mostra como os Kaijus podem ser inofensivos e os humanos assustadores, na medida que inverte isso provando o contrário. Por fim, a lição que podemos aprender é que muitas vezes, criar expectativas ajuda a surpreender e que reverter o que era para ser óbvio, pode ser um caminho interessante para o novo. Seja criativo.
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