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LUNARI: uma introspecção claustrofóbica


Tecnicamente, Lunari é o embrião de um roteiro que brilharia nos cinemas. Emocionalmente, Lunari é uma poesia em forma de jogo sobre tempo, amor, vida, morte e o desconhecido. Este jogo se encontra disponível e comentado pelo Ryan, o Tigrão da nossa comunidade Maker, aqui: https://condadobraveheart.com/threads/lunari.8322/#post-62723

Receba o convite de vivenciar a experiência e, caso não se importe, continuo a análise com possíveis spoilers. Aviso dado!



A UI do jogo muito bem cuidada.
A UI do jogo muito bem cuidada.

Agora, é hora de uma análise pessoal. Baixei Lunari inspirado pela resenha do Ryan e por já conhecer a dedicação com que o Artie compõe suas obras. Então, entre prós e contras, decido iniciar com dois pontos a melhorar para depois ir para a parte mais interessante:

1-      O diálogo da protagonista com a sombra poderia ser mais marcante. Naomi defende suas crenças de forma repentina. Senti falta de algum elemento mais próximo da surpresa de estar em contato com aquele ser sombrio.

2-      Comunicação: no mapa do corredor, senti falta de tiles indicativos de portas nas laterais, o que me fez procurar por mais tempo as salas.

3-      Bugs e dúvidas serão reportados diretamente ao autor.

Dito isso, prossigamos:

a)      Enredo: Naomi é uma amante do cosmos. O mistério do universo abrilhanta sua vida de modo a impulsioná-la. O ditado sobre o deserto ser impressionante em razão das possibilidade do que tem nas areais cabe muito bem na relação do ser humano com o espaço, as estrelas e a lua. Eu mesmo fui tragado pelos sonhos de Naomi em relação ao espaço e em vários momentos retomei outros textos. É impossível não conectar o jogo ao filme Interestelar, tanto na questão da relação temporal quanto no ciclo da personagem. Outra obra que me veio à mente foi o livro O JOGO DO ANJO, de Carlos Zafón, por um detalhe do final. No jogo, Naomi é uma cientista a bordo da nave Lunari e se depara com o misterioso desaparecimento de toda a tripulação, ficando apenas ela e o assistente cibernético BEEMO. A partir desse momento um fio condutor de horror se desdobra para que o jogador vivencie os sentimentos de Naomi. Um círculo surpreendente.

 


Eu quero um!
Eu quero um!

b)      Personagens: Naomi me pareceu uma autêntica sonhadora cujos sonhos são sadicamente destroçados no decorrer da narrativa. A evolução da personagem diante dos conflitos a tornam uma heroína forte. Resgatar a si mesma é a saída. Beemo é o assistente virtual construído pela cientista, a quem considera mãe. Beemo é carismático, o tipo de mascote que vira funko pop e ilustra camisetas de fãs. Ren é um coadjuvante motivacional, não tem espaço desenvolvido na narrativa, mas ilustra um momento de grande emoção no jogo. Namorado de Naomi, faz parte dos sonhos mais íntimos de nossa menina. 

 


Naomi, a protagonista.
Naomi, a protagonista.

c)       Atmosfera: juntando o visual e o sonoro, que sabemos dispensar apresentações, Artie constrói um ambiente claustrofóbico, seja nos delírios, seja na realidade da nave. Naomi olhando pela janela e refletindo sobre si mesma e sobre o nada que cerca a nave (já que está no espaço), é de se pensar que ela se vê dentro do nada e que isso pode ser um reflexo de uma autopercepção. A iluminação do jogo acompanha essa sensação, de lugar fechado. Sobre os sentimentos, a reflexão sobre tudo o que se sonha se perder pra sempre aumenta a agonia do jogador já imerso. Um dos maiores medos dos gregos antigos era ter a memória apagada no mundo e Naomi revive isso quando imagina toda sua história ser tragada pela ameaça que cerca Lunari.  Sobre a música, eu tive a sensação de estar vendo um filma dos anos 80/90 e isso foi muito legal.

 



 

d)      Jogabilidade: Naomi se movimenta e explora o ambiente, engatilhando possibilidade de prosseguir a narrativa, que é linear e foco da experiência. Tal qual uma fábula, o jogador aprende com a experiência de Naomi. Além do mais, o jogo apresenta uma UI muito bem organizada.  Não há mecânicas diferenciadas, acredito que a mecânica sobre a sanidade da personagem não foi desenvolvida.

 


Ponto extra para o minigame dentro da nave.
Ponto extra para o minigame dentro da nave.

 

Pensamentos finais: recomendadíssimo! Embora pareça ser um protótipo, pois eu vejo MUITO potencial para a expansão desse universo. Lunari equivale a um curta-metragem que estapeia o espectador e o deixa com fome de mais. Promete sem dizer uma continuação ou mesmo uma ampliação da narrativa, pois há lacunas que entregariam para o jogador um enredo mais deslizante e degustativo.



 
 
 

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